quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Paulinho da Viola em São Paulo!


Boa noite,

O artista homenageado deste mês será o Príncipe do Samba, mestre Paulinho da Viola. O artista se apresentará em São Paulo no mês de outubro, em uma de suas raras aparições. Peço perdão pelo longo texto, que ainda sim é pequeno diante da importância de um dos maiores sambistas e compositores brasileiros.

Paulo César de Farias, nasceu no dia 12 de novembro de 1942. Filho do excelente músico Cesar Faria, cresceu num ambiente naturalmente musical. Na sua infância em Botafogo, bairro tradicional da zona sul do Rio de Janeiro teve contato constante com a música através do pai, violonista integrante do conjunto Época de Ouro. Nos ensaios familiares do conjunto, Paulinho conheceu Jacob do Bandolim e Pixinguinha, entre muitos outros músicos que se reuniam para fazer choro e eventualmente cantar valsas e sambas.

Com 19 anos, Paulinho consegue seu primeiro emprego numa agência bancária, no centro do Rio e lá viveria um encontro que o levaria a um outro universo e mudaria sua vida. Paulinho conhece o poeta Hermínio Bello de Carvalho, que o convida para visitá-lo em seu apartamento no Catete, onde, pela primeira vez, conhece sambas de compositores como Zé Ketti, Elton Medeiros, Anescar do Salgueiro, Carlos Cachaça, Cartola e Nelson Cavaquinho. Desta amizade logo surgiram duas composições: Duvide-o-dó e Valsa da Solidão. A última sendo gravada por Elizeth em CD apenas comercializado no Japão e ineditamente gravado no Brasil pela jovem Roberta Sá, mais uma dica emocionante para se conhecer.
Valsa da Solidão



Paulinho demonstrou seu talento de forma precoce tocando no início de sua carreira com sambistas como Zé Keti, Seu Jair do Cavaquinho, Anescar e principalmente seu eterno parceiro Elton Medeiros. Aliás, Paulinho da Viola, seu nome artístico, surgiu quando pertencia ao célebre grupo a Voz do Morro. Na ocasião Zé Keti dizia que Paulo César não era nome de sambista, e aproveitando uma nota no jornal onde Sérgio Cabral o chamava de Paulinho da Viola, passou a chamá-lo assim. Indico o documentário “Saravah" que retrata o sambista com traços adolescentes mostrando todo seu talento no final dos anos 60.

No ano de 1969, Paulinho venceu o último festival da TV Record com a sensacional “Sinal Fechado”. Meses depois lançaria um de seus maiores sucesso até hoje, “Foi um Rio Que Passou em Minha Vida”, fruto de uma história interessante. Tempos antes Paulinho havia composto “Sei lá, Mangueira” que se tornou um sucesso. O pessoal da Portela enciumado cobrou explicações ao portelense que se superou e fez o sucesso para reiterar seu amor pela escola de Madureira.
Sinal fechado


Foi nos anos 70 foi que o sambista gravou diversos discos e seus maiores sucessos, colecionando prêmios, se apresentando por diversas cidades no Brasil e no mundo, solidificando-se como um dos mais importantes de música brasileira. Atualmente vive em uma fase, onde a imprensa e os críticos o vêem como um músico mais sofisticado e maduro. Mas vale ressaltar que a opinião dos críticos foi que mudou e que Paulinho nunca perdeu o tom popular de seus sambas. Ao longo dos anos o sambista criou uma vasta obra com parceiros diversos e com sucessos que pertencem a épocas, escolas de sambas e carnavais.

O trabalho de Paulinho hoje é visto como um elo entre diversas tradições populares como o samba, o carnaval e o choro, além de suas incursões em composições para violão e peças de vanguarda. Um dos maiores representantes do samba e herdeiro do legado de músicos como Cartola, Candeia e Nelson Cavaquinho mostra que está sempre se renovando e produzindo sem abandonar seus princípios e valores estéticos. O sambista é um dos grandes nomes da música popular brasileira de todos os tempos, conseguindo ao mesmo tempo ser um excelente instrumentista, um compositor genial e um sensível poeta. Sua elegância se deve não apenas por seu extraordinário talento e sofisticação musical, como também por sua postura e caráter.

Uma característica marcante do sambista é a sua capacidade de ser inovador e tradicional ao mesmo tempo. Seus sambas e choros trazem inovações melódicas e harmônicas, sempre desenvolvendo e evitando que estes gêneros fiquem congelados no tempo. Canções como “Sinal Fechado” e “Roendo as unhas” demonstram um pouco desta inovação e vanguarda.

Em suas músicas Paulinho incorpora a sofisticação harmônica da Bossa Nova, a riqueza melódica do choro e a síncope incomparável do samba. Associada, a princípio, ao universo das escolas de samba do Rio, a obra de Paulinho gradualmente foi se impondo como muito mais abrangente e sofisticada. Sua arte expressa com originalidade, a fusão de escolas e épocas. Paulinho da Viola é tradição e é vanguarda - e uma espécie de ponte entre ambas.

Referências para entender um pouco de Paulinho da Viola: Documentário “Meu tempo é hoje” e “Saravah”. CDs: Bebadosamba, Eu canto samba, Sinal Fechado, Foi um rio que passou em minha vida, Dança da solidão e Rosa de Ouro.

Quem: Paulinho da Viola
Quando: 16, 17 e 18/10 – os ingressos se esgotam rapidamente.
Onde: Citibank Hall
Quanto: de R$ 60 a R$ 130 (inteira)
Detalhes: http://www.ticketmaster.com.br/shwReleaseDetail.cfm?releaseID=2410

Trecho Saravah



Trecho "Meu tempo é hoje"

Um comentário:

Jaque disse...

tô contando os dias