terça-feira, 31 de março de 2009
Personagem da semana: Paulo Cesar Pinheiro
"Voz é vento. Palavra é pensamento. E o canto é ação"
O maior poeta vivo do samba. Assim começarei este post. De forma econômica e talvez discutível. Vou falar hoje de Paulo Cesar Pinheiro:
Difícil escrever sobre um dos maiores letristas da história do samba, homem que foi casado com Clara Nunes e que era um dos compositores favoritos de Elis Regina. O mais cantado de todos os autores nacionais, talvez seja mais fácil fazer uma lista de quem não foi parceiro do homem.
Homem este que foi parceiro de gênios como João Nogueira, Baden Powell, Guinga, Eduardo Gudin, entre outros. Poeta que foi um dos poucos sambistas a lutar diretamente contra a ditadura no período militar. Este é um pouco do PC Pinheiro, dono de clássicos do samba e da música nacional, dono de letras tristes e profundas, poeta por natureza e sambista por nascença.
Paulo César Francisco Pinheiro nasceu no Rio de Janeiro RJ em 1949. Morava em Angra dos Reis RJ quando fez seus primeiros versos, e foi nessa cidade que conheceu João de Aquino, seu parceiro nas primeiras musicas. Com ele, compôs Viagem, em 1964. Um ano depois, Baden Powell, primo de João de Aquino, convidou-o para escrever letras para suas músicas.
Dai surgiram os primeiros sucessos na voz de Elis, como "Lapinha", e as revanchistas "Vou deitar e rolar", "Samba do perdão" e "Aviso aos navegantes", composições onde Baden provocava a ex-esposa Teresa nos versos de PCP.
Vou deitar e rola e Aviso aos navegantes - canta Elis Regina
Logo em seguida o poeta já atraía a companhia de músicos como Francis Hime para quem fez o texto de vários movimentos na sensacional "Sinfonia de São Sebastião", recentemente gravado e vendido em DVDs.
No mesmo período(1968) ao lado de Eduardo Gudin ele se enveredaria para os festivais universitários e em seguida (1974) gravaria um dos álbuns clássicos do samba "O importante é que a nossa emoção sobreviva" que conta também com a cantora Márcia, numa clara afronta ao sistema repressivo da época. De lá se tiram temas como "Veneno", "Consideração", "Velho passarinho", "Lá se vão meus anéis" entre outros. O interessante é que em 1996 os três se reencontrariam para gravar "Tudo que mais nos uniu", outro excelente álbum.
E lá se vão meus anéis - canta Eduardo Gudin
Em 1975 o compositor se casaria com a mineira Clara Nunes, onde colocaria de vez seu pé no samba, se unindo a dois militantes do samba: Mauro Duarte e João Nogueira que seriam sucesso na voz de Clara. De Mauro Duarte destacam-se "O canto das três raças", "Serrinha", "Portela na avenida", "Menino Deus", entre outros.
O Canto das Três Raças - canta PC Pinheiro
Com João Nogueira além de diversas composições gravou o álbum "Parceria" um dos grandes momentos da dupla. Os dois juntos tem composições de fazer inveja como: "Espelho", "Eu hein Rosa", "Minha missão", "O poder da criação", entre outros.
Espelho - canta Diogo Nogueira
Militante em várias frentes também escreveu diversos livros, compôs com Tom Jobim (Matita Perê), Edu Lobo e se tornou cantor. Dono de voz boêmia, que brincava ser igual do Nelson Cavaquinho, ele tira as torturas da alma e a beleza do samba.
Paulo Cesar é pinheiro, é destas nobres madeiras que duram e fazem a estrutura do samba. Como diria o poeta: "O que faz ser eterno um bom samba / É a beleza que tem seu lamento". E que tenhamos muito a que lamentar.
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4 comentários:
Que lindo. Caprichou, hein! Beijo
Parabéns! Realmente este blog é um dos melhores sobre samba!
"Lá se vão meu anéis..." com essa música me lembro do dia em que você foi de Mococa (com o Krut)me buscar em Ribeirão Preto, para o aniversário do seu pai. Já estava bem tarde e voltamos para Mococa cantando.
"...Eh vida boa...quanto tempo faz...que felicidade..." - com essa me lembro de infinitos momentos, mas mais especificamente do RJ, quando você descobriu que o CD "Parceria", do seu pai, estava com o seu irmão. Em tal feriado que se passou, você me contou toda a história do Paulo César Pinheiro, do seu casamento com a Clara Nunes...e a homenagem feita à "Sabiá".
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