segunda-feira, 20 de abril de 2009

Personagem da semana: Elizeth Cardoso


Boa tarde,

Vamos iniciar mais um Personagem da semana. Esta semana irei tentar contar um pouco sobre a Diva Elizeth Cardoso. Uma das precursoras da tradição de grandes intérpretes da música brasileira e do samba.

Elizeth Moreira Cardoso nasceu no Rio de Janeiro, em 1920. Morava perto do morro de Mangueira e tinha o pai seresteiro e a mãe conhecida por gostar de cantar. Cedo precisou trabalhar e, entre 1930 e 1935, foi balconista, operária e cabeleireira.

A grande surpresa de sua vida aconteceu na festa de seu 16º aniversário, quando Jacob do Bandolim - que já era um monstro da música brasileira - a convidou para fazer um teste na Rádio Guanabara. Apesar da oposição inicial do pai, se apresentou no Programa Suburbano, ao lado de grandes nomes da época, e da atualidade também, como: Vicente Celestino, Aracy de Almeida, Moreira da Silva, Noel Rosa e Marília Batista.

Não demorou muito para a jovem cantora conquistar o país com a voz de força inquestionável e o bom humor que a caracterizava. Lançou mais de 40 LPs, o que dificulta analisar e discorrer sobre suas obras mais antigas, mesmo porque na época haviam LPs de três ou mesmo apenas duas músicas.

Elizeth consagrou-se como uma das grandes intérpretes do samba-canção ao lado de cantoras como Ângela Maria e Dolores Duran. As canções faziam exaltação do tema amor-romântico ou pelo sofrimento de um amor não realizado, também conhecida como música de "dor de cotovelo", bem composta por sambistas como Lupícinio Rodrigues.



A Diva, por começar tão cedo passou por diversas fase da evolução musical brasileira transitando suas gravações do choro, samba-canção e até bossa nova, quando gravou em 1958 o LP Canção do Amor Demais, considerado um dos marcos de inauguração deste movimento. O antológico LP trazia ainda "Chega de Saudades" tendo a melodia do fundo composta com a participação de um jovem baiano , ninguém menos do que João Gilberto. Isto já nos mostra a magnitude e importância da cantora para a música brasileira.



Recentemente foi lançado um pacote de CDs da cantora pela gravadora Biscoito Fino que traz 4 dos melhores álbuns dela. Indico a coleção aos amantes do samba e da música brasileira. O pacote traz um CD duplo do show que ela fez, sob direção de Hermínio Bello de Carvalho, tendo como banda os sensacionais Jacob do Bandolin, Época de Ouro e Zimbo Trio - vale muito a pena. Há também um álbum que ela gravou em parceria com Rafael Rabelo, um dos maiores violonistas que o Brasil teve. E os outros dois CDs: uma homenagem a Ary Barroso e outro chamado "Luz e esplendor".



Elizeth interpretou músicas de MUITOS compositores brasileiro, como Cartola, Noel Rosa, Baden Powell, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Ary Barroso, entre outros. Carregando consigo sempre grandes amigos e parcerias fortes com o universo do samba.

Elizeth é mais um dos elos do sambas, mas é um elo destes fortes e grandes, por sua intensidade e importância na música brasileira. A sua memória não será nunca esquecida, pois sua voz, vez ou outra, é relembrada por grandes artistas que buscam referências na cantora. Basta ouvir sua obra para transitar por toda a música brasileira. Obrigado Diva pela força de sua voz e seu legado.

Este post é uma homenagem a minha finada bisavó, Dona Maria Violão, que morreu com 96 anos e é era grande fã da cantora. Dona Maria Violão tinha este apelido, pois era violonista, chorona e seresteira. Recordo que nas festas em sua casa, 20h éramos tirados da sala de estar, pois ela com os netos (meu pai e tios) tocavam choros e serestas até o virar da noite, e não podia haver barulho de crianças durante o concerto.

Ela que foi taxista - a primeira mulher a ter carta profissional em SP - dizia que só se precisava de 03 coisas na vida para se ser feliz: um violão afinado, uma cerveja gelada e um carro com tanque cheio. No seu funeral a partida foi com muitas músicas e serestas, algo estranho para a criança que eu era na época, mas que hoje me emociona e me serve de exemplo.


Vale a pena ouvir:

Se for citar os sucesso que ficaram marcadas na voz da cantora, não haveria espaço, mas vamos lá com alguns: Chega de Saudade, Eu bebo sim, Canção do amor demais, Naquela mesa, Tem dó, Camisa amarela, Derradeira primavera, Barracão, No rancho fundo, Consolação, entre muitas outra.

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